A grande onda
De repente, parece que o Brasil acordou. Este foi o tom das analises de
especialistas em ciência política e comportamento nos debates do final de
semana, através dos meios de comunicação. Uníssonos, eles apontaram para a
perplexidade dos agentes políticos, que ainda vivem numa espécie de mundo
analógico, enquanto a sociedade transita pelo tempo digital. Existe um vácuo
entre o “estabilishiment” e o pulsar das ruas, que resulta nos depoimentos
escritos em cartazes e na voz de quem concede entrevistas comunicando que não
se sente representado pelos partidos e pelos políticos, por conseguinte. Tão
forte é o sentimento que se criam condições férteis para a radicalização da
dispensa das estruturas partidárias como elemento de mediação fundamental para
o funcionamento da democracia formal.
Ora, sem partidos fortes não existe
democracia sólida. Assim como é um risco para democracia a fragilização
partidária patrocinada por partidos e políticos distanciados dos anseios da
sociedade e que fazem da “práxis política” um meio para a compra e venda de
vantagens pessoais ou de grupos, que viram as costas para o bem estar social.
Depois da grande onde de manifestos sobrará rica ocasião para passar o Brasil a
limpo, de verdade. A classe política, hoje imobilizada e estupefata, precisa
regaçar as mangas e restabelecer canais de diálogo urgente e inspirador de
confiança para um pacto novo, onde se encurte o abismo entre representante e
representado. Caso contrário, a imobilidade do governo, em todos os níveis, vai
impor prejuízo incalculável para o desenvolvimento sustentável do País.
Neste
tempo de ebulição social é imprescindível que o poder político seja capaz de
gestos grandes, resultantes do aprendizado extraído das manifestações
populares, para devolver esperanças de uma nova ordem que aponte para um novo
tempo com perspectivas de vida social e melhor.