É bem verdade que, não raro, alguns fazem uso de meios e métodos condenáveis. É a máxima de que para alcançar os fins quase tudo se justifica. Neste caso, inversão absurda e deplorável das regras básicas do jogo democrático. Cachoeirinha começa a viver mais intensamente as emoções do pleito, que em 7 de outubro vai determinar quais serão os 17 vereadores do município, o prefeito e o vice-prefeito.
Vicente Pires (PSB) está no final de seu mandato e pretende se reeleger. Enfrenta três adversários reais: Ana Fogaça (P-Sol), João Dedão (PPS) e Volnei Gomes de Borba (PT). A coligação de mais de uma dúzia de partidos que apoia o projeto de Vicente Pires dispõe de todas as condições financeiras e logísticas para quem administra uma das máquinas governamentais mais importantes da Região Metropolitana de Porto Alegre. Muito embora a declaração de renda dos candidatos aponte João Dedão com patrimônio milionário, seguido de Vonei Borba, beirando a casa do milhão. Vicente é o terceiro no ranking. E, claro, a professora Ana Fogaça é a "pobrinha".
Pois, para fazer frente à campanha endinheirada situacionista a turma de Ana partiu para a ironia, com pitadas de humor. Exemplo disso aconteceu sexta-feira, quando apoiadores de Vicente cobriram grande parte da avenida Flores da Cunha com centenas de militantes e bandeiras das mais diversas colorações e símbolos partidários.
Nas proximidades da ponte militantes do P-Sol portavam faixas e cabides para criticar o engajamento dos ocupantes de Cargos de Comissão, os chamados CCs, na campanha do chefe do Poder Executivo. Crítica da elevada quantidade de CCs na prefeitura, Ana Fogaça promete reduzi-los pela metade, caso se eleja. Ela afirma que são gastos cerca de R$ 900 mil por mês com a folha dos cerca de 300 Cargos em Comissão na prefeitura. A projeção para quatro anos pode chagar aos R$ 43 milhões.
Dinheiro que poderia ser aplicado em saúde, educação, segurança, lazer e cultura. É o que a professora chama de "farra das nomeações". Quando setembro vier, antes do florir primaveril, ainda deveremos testemunhar, no curso da campanha eleitoral, muito choro e ranger de dentes.
Resguardadas as regras mínimas de civilidade, tais movimentos fazem parte do grande espetáculo da festa da democracia. O eleitor é quem determina o "Happy End".