PAPO RETO COM JUSSARA CAÇAPAVA
No domingo a coluna recebeu a vereadora Jussara Caçapava e
seu “satff” político para um “Papo Reto” a respeito do projeto polêmico de sua
autoria sobre a instituição do Dia do Orgulho Gay e da Consciência LGTB no
município. A matéria deverá ir a plenário para a votação em março. A
parlamentar socialista está em franca articulação para que a lei, no âmbito do
município, assegure a promoção do direito à livre orientação sexual, cerceando
todas as atitudes discriminatórias. Ela deseja colocar Cachoeirinha em compasso
com os avanços que as liberdades individuais vêm obtendo nas esferas estaduais
e federais.
Colunista: A senhora não tem receio de sofrer críticas de
segmentos conservadores?
Vereadora: Sou
mulher de coragem e determinada. Vivo meu dia a dia em contato com os mais
variados problemas da comunidade. E a discriminação, de todas as formas, é algo
que não aceito. E tal também se dá no campo da homofobia e que atinge
impiedosamente os mais pobres. Quem tem condição social elevada e transita com
destaque no dia a dia sofre menos com esta forma de discriminação, que se dá de
forma velada. Os menos favorecidos, digamos, são expostos com freqüência ao
escárnio público. E não é possível passar ao largo desta realidade e fingir não
ver. Precisamos criar políticas públicas eficazes e inclusivas.
Colunista: É sabido
que na Câmara de Vereadores existem parlamentares ligados a igrejas que não
aceitam os avanços em direção aos direitos dos homossexuais. Como a senhora
pretende tratar com eles a respeito desta questão e até sensibilizá-los para
uma votação favorável ao projeto?
Vereadora: Estou ciente desta realidade, mas é meu dever
apelar para o bom senso e o realismo histórico. Até o presidente dos Estados
Unidos, Barack Obama, está empenhado nesta causa. Não compreendo como é
possível alguém ser cristão e discriminar. Esta contradição não corresponde ao
dizer Jesus Cristo, que afirmou ser preciso “amar uns aos outros”. E o gesto de
amor tem que ser incondicional. Quando a discriminação acontece o amor se fatia;
torna-se metade. Fica incompleto. Quando um segmento religioso discrimina a
palavra evangélica se apresenta vazia ante o gesto prático. E quando alguém
fica “fora da porta”, no dizer de Paulo Apóstolo, é ai que o amor cristão
requer mais urgência.
Colunista: O prefeito Vicente Pires, presidente do seu
partido (PSB), tem ampla maioria na Câmara. E pode, decisivamente, influenciar
para a aprovação de seu projeto. Ele está com senhora, nesta hora?
Vereadora: Ele sempre me apoiou na luta pelos interesses da
comunidade. Vou conversar com ele e pedir ajuda para a aprovação da matéria.
Sei de seu poder de persuasão junto à base que lhe dá apoio. Razão pela qual
confio na sensibilidade e na parceria do prefeito. Afinal, causa é justa e não
admite recuos.