Política e Afins
*Em Cachoeirinha a semana que passou foi marcada pela
reiterada afirmação por parte do governo municipal de que não haverá a
tradicional Feira do Livro. A falta de recursos financeiros foi a alegação para
o cancelamento desta importante atividade cultural.
*Claro, além da escassez financeira alegada, a negativa também
revelou a falta de outro recurso que os administradores municipais parecem não
possuir: a competência política para atrair patrocinadores.
*Contraditoriamente, não faltarão verbas para incentivar a
realização do Ronda Crioula. Por óbvio, fizeram a chamada “escolha de Sofia”.
Como naquele filme de Alan J. Pakula, onde a personagem interpretada pela atriz
Maryl Streep se vê obrigada a escolher um dos filhos - que são dois - para
mandar ao campo de concentração, em plena Polônia ocupada por forças nazistas.
*Ora, sob a ótica do pragmatismo da política eleitoral
parece óbvia escolha. Afinal, faltando menos de um mês para as eleições, a
Ronda Crioula se torna o local ideal para reunir milhares de pessoas e terreno
apropriado para que os candidatos da base de sustentação do governo municipal
façam campanha em busca de votos.
*E pensar que até o patrono da Feira do Livro, o professor e
escritor Saul Sastre, já estava circulando pelas escolas mobilizando alunos,
professores, funcionários e pais para participarem da nossa “festa da
literatura”.
*Pois, o patrono ficou sabendo pela imprensa a respeito do
cancelamento da Feira do Livro. Ora, Saul é um acadêmico respeitado no meio
universitário. Também foi destacado secretário municipal e chegou à diretoria
do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem justamente por sua competência.
Francamente, merecia maior consideração de seus companheiros de partido, que
poderiam tê-lo alertado para não entrar nesta “fria”.
*O professor Sastre, por elegância ou – quem sabe - com os
olhos fincados no futuro, onde o PSB poderá sair do pleito de outubro
garantindo Marina Silva na presidência da República, silencia ante o
constrangimento a que foi submetido, neste lado de cá da ponte. Ele, a exemplo
do bom cabrito, não berrou. Pena, pois teve a oportunidade de transformar o
berro em brado.
*Bueno! Mais uma vez interesses menores se sobrepuseram aos
valores da cultura e do desenvolvimento intelectual. E isso não é obra do
acaso. Políticas públicas que não priorizam a elevação do conhecimento estão a
serviço do atraso para beneficiar projetos de poder das elites afeitas ao
servilismo.
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