*Como diria o Paulo Sant’Ana: “Preteou o olho da gateada”. A
presidenciável Marina Silva, com filiação solidária ao PSB, encostou o ombro em
Dilma Rousseff (PT). Os números foram
levantados pelo Instituto Datafolha. Claro, o fato novo fez tremer também a
campanha do tucano Aécio Neves, de quem Marina tirou eleitores, jogando o
candidato do PSDB para o terceiro lugar na corrida em direção ao Palácio do
Planalto.
*O crescimento surpreendente de Marina Silva não acontece
apenas em função da tragédia que vitimou o ex-governador Eduardo Campos, que
era o candidato cabeça de chapa do PSB e que tinha Marina como vice.
*Se ilude quem vê o cenário apenas pela estreita janela da
comoção. Claro que este também é um fator que estimulou o crescimento da ex-
ministra do Meio Ambiente do governo Lula. Mas, o principal desaguadouro da
intenção de votos dos eleitores está na raiz das motivações que levaram milhões
às ruas em junho do ano passado.
*Naquela ocasião, as marchas cívicas pediam ética na
política e estado de bem estar social; como melhora na saúde pública, na educação,
no transporte, na segurança e outras aspirações legítimas da grande maioria dos
brasileiros.
*Nem Dilma e tampouco o PSDB, como principal partido de
oposição, souberam interpretar o “grito das ruas”. Com a infiltração dos Black
Blocs nas manifestações - e suas ações radicais - os manifestantes pacifistas
tomaram o rumo de casa. Voltaram por discordar dos métodos anarquistas nos
protestos. Mas guardaram as motivações.
*E agora deságuam a frustração pela ausência de atendimento
dos pleitos na perspectiva de eleger a candidatura que passou mais ilesa ao
processo: a de Marina Silva. Se a sua eventual eleição será melhor ou pior para
o país esta é outra questão. Mas, o fato é que ela está capitalizando os
descontentamentos de multidões com as velhas e batidas práticas políticas que
sustentam o sistema presidencialista de coalizão, gerador do loteamento dos
aparelhos de Estado em troca de apoio e que resultam em corrupção, cujos
mensalões do PT e do PSDB mineiro são as faces mais visíveis de tal processo.
*As próximas aferições dos institutos de pesquisas dirão se
o fenômeno Marina Silva é, de fato, uma onda ou tem propulsão tsunâmica. Em se
confirmando a segunda hipótese não é de duvidar que a eleição presidencial vá
para segundo turno, o que seria uma pena. Em dois turnos, e com tempos iguais,
os dois concorrentes têm mais oportunidades para explicar à nação suas
propostas de governo. Neste caso o vencedor sai do pleito ungido por dose maior
de racionalidade. E em condições políticas mais robustas para consolidar o seu
plano de governo.
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