Política e afins
*Políticos profissionais transitam pelo dia a dia da vida
pública usando e abusando de símbolos e atitudes para se comunicar com a
sociedade, e muito especialmente com os eleitores. Assim, criam determinada
imagem a partir de posturas. Algumas expressam identidade verdadeira, enquanto
outras, na linha do tempo, não passam de caricatura comportamental. Tipo para
“inglês” ver.
*Em Cachoeirinha, por exemplo, o prefeito Vicente Pires
(PSB) e o vice-prefeito Gilso Nunes (PMDB), embora tão próximos em função do
projeto de poder que os une em dois mandatos, têm posturas políticas
diferenciadas, carregadas de simbolismos e que merecem as devidas observações,
fundamentalmente por quem tem interesse ou curiosidade pelo que acontece no
cenário político deste lado de cá da ponte.
*O observador medianamente atento sabe, por notícia ou
experiência empírica, que Luis Vicente da Cunha Pires não tolera o pensamento divergente
do seu. Desafetos dele afirmam que o homem “se acha tanto” que pensa ser uma
espécie de reencarnação de outro Luiz, o XV, rei de França. Ora, menos,
beeeeeeeeeeeeeem menos.
*À parte disso, Gilso Nunes, que já foi prefeito e enfrentou
ventos e marés no tempo em que o Partido dos Trabalhadores ainda não havia
habitado em palácios com telhado de vidro, cultiva o estilo “low profile”.
*Na Câmara Municipal de Vereadores de Cachoeirinha apenas
dois parlamentares estão na oposição: Irani Teixeira (PC do B) e Rosane Lipert
(PT). E não são adeptos da máxima “se hay gobierno soy contra”. Eles têm votado
com a chamada base governista em projetos de real interesse comunitário. Rosane
e Irani nunca foram convidados pelo chefe titular do Poder Executivo para ouvir
deles coisa alguma sobre “nadica” de nada.
*Pois, na semana passada Gilso Nunes, que está no exercício
do cargo de prefeito, nas férias do titular, chamou ao seu gabinete o vereador
comunista. Encontro formal e respeitoso em duas lideranças que sabem reconhecer
méritos e equívocos de parte a parte. Exemplo republicano de como é possível (e
até profícua) a convivência civilizada entre os divergentes circunstanciais.
Ora, Irani e Gilson vêm de longe e sabem que o futuro ao futuro pertence, por
assim dizer.
*O maior fator demolidor de “ponte política” é a arrogância,
irmã gêmea univitelina da prepotência. A primeira se nutre da segunda e vice e
versa. Sem educá-las nos valores democráticos mais elementares as duas crescem
nutridas por energias que, não raro, produzem como resultado o fundamentalismo,
de matizes diversas.
*Bueno! Existem tratados psicanalíticos de sobra que abordam
com clareza solar os perfis humanos, em todos os tempos, de quem escolheu
determinadas posturas e caminhos para fazer história. Interessante, por exemplo, as observações de Siegmund
Freud e Jacques Lacan sobre o tema. Em certos aspectos tais espetros cruzam os
nossos caminhos no cotidiano.