*Para o cronista político este é um período árido. Políticos
estão em recesso e fazem férias. Alguns douram a pele no litoral. Outros tomam
o rumo das serras, onde o clima tem maior frescor. Também tem quem opte por
permanecer nas “bases”, estreitando laços com o eleitorado que, em sua maioria,
não dispõe de meios para se refestelar na praia e tampouco deliciar-se com o
frescor serrano.
*Mas, no litoral ou na serra, político não dorme no ponto.
Em qualquer lugar o pensamento de quem vive e sobrevive das urnas está focado
na eleição seguinte. E articulações podem ser feitas de qualquer lugar,
principalmente quando se tem a disposição infraestrutura e logística, o que não
falta para quem tem mandato: telefone, gasolina, internet e assessoria.
*Aliás, o detentor de mandato larga na frente em relação ao
adversário que não dispõe de qualquer “aparato” bancado por parte dos impostos
pagos pelo contribuinte. Por vezes, e às custas dos cofres públicos, certos
políticos montam verdadeiros feudos eleitorais. Até o observador desatento
percebe a situação. Tanto lá, quanto cá.
*E por falar em cá, lideranças credenciadas pelo governo
municipal estão a bradar melhorias que deverão acontecer na região central de
Cachoeirinha, custeadas com aportes de verbas federais, oriundas do Ministério
das Cidades.
*Deverão ser construídas, segundo os trombeteiros oficiais,
calçadas modelares, ciclovias e áreas de convivência ao logo da avenidda Flores
da Cunha, uma das rodovias mais movimentadas do estado; coração econômico do
município.
*Recursos na ordem dos 50 milhões, para incrementar a
Política Nacional de Mobilidade Urbana. Claro, claríssimo que a torcida é
grande para que as obras de melhorias na infraestrutura e na paisagem urbana
saiam do papel e se transformem em realidade.
*Porém (Ah! Porém..), não é de hoje que a construção de calçadas ao longo da Flores da
Cunha são cantadas em prosa e verso por candidatos em período eleitoral. Só
para refrescar a memória dos esquecidos: em oito anos de administração o
prefeito José Stédile (hoje deputado federal) revitalizou duas quadras de
calçadas. Uma, inclusive, em parceria com o Sindicato dos Lojistas.
*Vicente Pires, seu sucessor, já em segundo mandato,
construiu apenas mais duas, até aqui. Ritmo de tartaruga perneta. E não é por
falta de reivindicação dos comerciantes e pedestres. O grito é permanente,
tanto quanto o transtorno pela ausência de obras que poderiam contribuir para
embelezar a cidade e humanizar a tal mobilidade urbana.
*Tudo bem, muito bem, bem-bem: fico na maior torcida para
que desta vez a verba federal venha e produza efeitos na qualidade de vida de
quem mora, visita e gera impostos neste lado de cá do Rio Gravataí. Não faço
coro com os insanos do “quanto pior melhor”. Entretanto, e por motivos
concretos, não me filio aos crédulos que dão ouvidos a qualquer “blá,blá,blá”.
Principalmente quando se avizinha mais uma campanha eleitoral; oportunidade
ímpar para semear sonhos coloridos nas mentes cansadas de imagens em preto e
branco.