O efeito Tardeti
Para quem observa com atenção os bastidores da política
partidária do lado de cá da ponte percebe os movimentos de preparação para a
arrancada eleitoral de 2016, salvo alteração de calendário patrocinada por ação
do Congresso Nacional, na tão falada reforma política.
A engenharia de coalizão
partidária montada pelo prefeito Vicente Pires (PSB) absorveu a quase
totalidade dos partidos com alguma expressão e representatividade em
Cachoeirinha. Hoje a oposição é feita, de forma mais visível, pelo PT e o PC do
B, que têm assento na Câmara de Vereadores. Dos quadros do Partido Socialista
Brasileiro é que emergirá o sucessor de Vicente. Nenhum dos partidos satélites,
que orbitam na área gravitacional dos socialistas, possuem “musculatura
política” para bancar a chamada “cabeça de chapa”. Caso os deputados Miki
Breier e José Stédile se reelejam para a Assembléia Legislativa e a Câmara
Federal, respectivamente, a “peleia” pela indicação do candidato a chefe do
Poder Executivo será, mesmo, com as pombinhas de asas mais curtas.
A saber: a
pomba é o símbolo do PSB. Por lá, vereadores, principalmente, já ensaiam o vôo.
Alguns, com pressa, tomam o rumo do sol, feito Ícaro. Outros, mesmo que o
desejem ardentemente, jamais terão o destino da Fênix. Mas, o vereador e
secretário municipal da Saúde, João Tardeti, que vem de longe, tem perfil,
espaço e tempo para flanar como Fernão Capelo Gaivota, personagem antológico e
emblemático criado pela imaginação do escritor americano Richard Bach. Tardeti
tem lado, e enfrenta com firmeza os opositores. Quando foi líder do governo no
legislativo não dava tréguas às investidas de Irani Teixeira (PC do B) e Rosane
Lipert (PT). Inobstante, não encontrava dificuldade de diálogo com os
adversários, quando julgava que o interesse público se sobrepunha às questões
de ordem partidária. Agora, à frente da secretaria de Saúde, uma das áreas mais
complexas da administração pública, o vereador secretário mantém canais abertos
à conversação construtiva; com oposição, inclusive. Ele compreende, não pela
observação acadêmica, mas a partir da experiência de vida, que um ponto de
chagada, depois da partida, pode ser percorrido por rotas diferentes.
A
conversa exaustiva é a única forma de convencer a todos, quando possível, a
enveredar pelo mesmo rumo. O quadro sucessório, a continuar assim, terá que
levar em conta o efeito Tardeti. Afinal, ele vem de longe. E quer chegar lá,
por assim dizer.