Função Espinhosa
Quando Antônio Teixeira (PSB) assumiu a presidência da
Câmara de Vereadores de Cachoeirinha, no início do ano, depois da cassação do
mandato de seu colega de partido, Joaquim Fortunato, que acaba de ser absolvido
pelo Pleno do Tribunal Regional Eleitoral, não poderia imaginar (nem ele e nem
ninguém) que milhões de manifestantes fossem sair às ruas em todo o País
clamando por qualidade nos serviços públicos e protestando veementemente contra
a corrupção e exigindo ética na política. Tudo começou em função da luta pelo
rebaixamento das passagens. Logo, todos perceberam que o grito popular não se
limitava à simples redução de vinte centavos na roleta dos ônibus. E em Cachoeirinha o movimento fechou por
algumas vezes a ponte de acesso ao município e enveredou em direção à
Prefeitura e à Câmara de Vereadores, onde estão os eleitos, para expressar
descontentamentos de ordem diversa. O
Brasil vive um novo momento de onde emergem, inequívocas, as exigências
cidadãs. Políticos à moda antiga, por assim dizer, estão aturdidos e tentando
se situar nesta realidade que promete atropelar os que insistirem em permanecer
olhando para traz, feito a mulher de Ló.
Para lidar com as manifestações é
necessário compreensão da conjuntura política e histórica. Conviver com o
contraditório requer dos agentes políticos o entendimento do que seja, de fato,
o tal “espírito público”. Convenhamos, poucos têm esta dimensão.
Bueno! O presidente do Poder Legislativo do lado de cá da
ponte é da base governista e quadro expressivo do partido que está à frente do
comando da prefeitura. Ele faz parte deste “establishment”. Inobstante, há que
se reconhecer sua conduta correta à frente da presidência da Câmara de
Vereadores (Com exceção da terça-feira passada, quando deu ordem para a
segurança retirar manifestantes do Plenário e depois voltou atrás na decisão,
instigado pelo bom senso).
Seu zelo pela transparência administrativa daquela
casa legislativa e a disposição para o convívio respeitoso com a oposição se
constituem em valores democráticos que não podem ser escamoteados. Nesta onda
de protestos, acirramentos de ânimos e motivações políticas das mais variadas
outro, em seu lugar, e que não tivesse a necessária experiência no leme, para
enfrentar ventos e marés, poderia incorrer no sério risco de transformar o
Poder Legislativo em uma “nau desgovernada”. Ou até num barril de pólvora.
Aliás, incendiários é que não faltam.