QUANDO POUCOS VALEM POR MUITOS
Na política, como na vida, é preciso estar atento aos
movimentos para deles extrair lições fundamentais para alicerçar perspectivas que
apontam para além dos limites da transitoriedade. Caso contrário quase tudo
vira falta de esperança, desânimo e imobilismo. O fim da linha...
Na semana passada os vereadores Pedro Ruas e Fernanda
Melchionna, eleitos pelo P-Sol na Capital dos Gaúchos, souberam interpretar o
“clamor dos estudantes”, que saíram às ruas de Porto Alegre, exigindo o
rebaixamento das passagens de ônibus. Aliás, uma das mais caras do país. De R$
2,85 pulou para R$ 3,05. Pedro e Fernanda entraram com Ação Cautelar provocando
o Poder Judiciário a examinar o pleito da “voz das ruas”. Pois, um juiz
sensível aos movimentos sociais e entendendo ser legítima a ação acolheu liminarmente
a demanda.
Via de regra, o Poder Executivo, em todas as esferas da
República, atrai parlamentares que muitas vezes usam a desculpa da tal “governabilidade”
para usufruírem benesses indisfarçavelmente fisiológicas. Então, fica a
equivocada impressão de que aqueles que não se agregam a esta “zona de
conforto” ficarão apenas nadando contra a maré; como se fosse apenas uma
questão de tempo para que a corrente contrária os jogassem à margem dos grandes
feitos, oriundos do “círculo do poder”.
A conquista judicial, até aqui, e a acertada ação política
dos dois vereadores do P-Sol mostra que existem enormes espaços de trabalho em
função dos reais interesses da coletividade, pouco importando se a tarefa cabe
à maioria ou à minoria. São nos momentos decisivos que, não raro, poucos valem
por muitos.