O RANGER DE DENTES DA REAÇÃO
A vereadora Jussara Caçapava (PSB) deveria ter ideia de que
o seu primeiro Projeto de Lei instituindo o Dia do Orgulho Gay e da Consciência
LGBT, no lado de cá da ponte, causaria polêmica. O que ela, por certo, não
imaginava era o grau de resistência que a iniciativa encontraria na chamada
“bancada evangélica”, no Legislativo Municipal, formada por seus pares, João
Tardeti (PSB), Édson Cordeiro (PRB) e Felisberto Xavier (PV). Estes já mostraram a face da reação e
rangeram dentes. Logo mais, caso a vereadora não “amarele” e insista em levar à
votação o projeto, outros colegas seus ainda poderão “sair do armário”. Por
mais incrível que possa parecer, essa gente permanece num incompreensível atavismo
medieval. Suas teses em defesa dos “valores bíblicos” não encontram guarida,
sequer, na teologia clássica. A raiz preconceituosa é condutora do caminho em
linha reta que leva ao fundamentalismo religioso. Ora, a história está repleta
de exemplos com esta vertente e que resultaram em perseguição, segregação e
extermínio de milhões em todos os confins do planeta. O direito deles de se
manifestar sobre o tema é legítimo no Estado de Democrático de Direito.
Inobstante, tal não impede a crítica à intolerância e ao preconceito abjeto e
discriminatório; pelo contrário, a exige.